A primeira metade do século XX é, antes de tudo, um período marcado por profundos acontecimentos e mudanças em seus diversos planos. A nível global, abrangeu duas grandes guerras, revoluções, o colapso econômico de 1929 e os inúmeros avanços nas áreas da informação, medicina e tecnologia. Nacionalmente, destacam-se, em ordem cronológica decrescente, A Era Vargas, os movimentos tenentistas, a Semana de Arte Moderna de 1922 e a Política do Café com Leite, que moldou a administração nacional e, além disso, apresentou-se como uma das principais características do regime republicano até os anos 30 por meio de acordos – sobretudo entre o líder do poder executivo, presidentes de Estado e coronéis - práticas clientelistas, fraudes eleitorais e patronagem (RESENDE, 2006). A nível local, que nos toca mais de perto, o Estado da Paraíba se apresenta como reflexo desses traços do cenário nacional que marcam o tempo do liberalismo excludente. Isto é, tem como produto o domínio oligárquico que rege as relações sociais, políticas e econômicas em sua configuração estadual (CITTADINO, 2010). Nessa perspectiva, o início da década de 20 na Paraíba é de fundamental importância não só para entender os anos que antecederam a “revolução de 30”, mas também compreender como operou a administração local, suas políticas e vinculações à esfera federal nessa conjuntura pós primeira grande guerra. Nesse sentido, este trabalho tem como finalidade analisar, por meio das Mensagens de Governo endereçadas à Assembleia Legislativa, a administração de Solon de Lucena enquanto presidente do Estado da Paraíba durante o período 1920 a 1924, identificando, assim, as principais linhas de ação do governo no que diz respeito às reformas empreendidas nos âmbitos da saúde e da educação, bem como entender as comemorações do centenário da independência, em 1922.